8 de janeiro de 2016

INQUISIÇÃO

Folha de São Paulo

Inquisição Espanhola compreendia o valor do trauma psicológico, diz autor da Livraria da Folha


Em 1620, o viajante William Lithgow foi preso como espião em Málaga. Por ser estrangeiro e protestante, era automaticamente suspeito em uma Espanha controlada pelo Santo Ofício, hoje conhecido como Inquisição. Após passar dias preso em grilhões, ele foi despido e colocado no cavalete de tormento para ser torturado e, depois, quase foi devorado por insetos. Este é apenas um exemplo das atrocidades cometidas pela Igreja durante a Inquisição. Agindo em nome de Deus, os perseguidores maltratavam suspeitos em instrumentos diversos, como a roda de despedaçamento, que estirava juntas e tendões, ou o esmaga cabeças, que comprimia a cabeça da vítima, destruindo mandíbulas e arcadas dentárias. Os métodos violentos não eram aplicados ao bel-prazer. Uma documentação meticulosa era mantida pelo Santo Ofício: processos elaborados que tinham de ser seguidos antes que as torturas fossem aplicadas. "A Inquisição e suas operações eram regidas por regras estritas. Os acusados de heresia recebiam várias semanas de advertência e uma chance de se retratar antes de ser sujeitado a qualquer tipo de questionamento, antes do que a qualquer tipo de tortura", afirma Michael Kerrigan em "A História Secreta da Igreja". Ele explica que o perigo de denúncias mal-intencionadas era reconhecido e que guardas estavam a postos para evitar perseguições maliciosas. Os inquisidores eram padres que juraram cumprir o trabalho pela causa de Deus, não por prazer ou benefício pessoal. A parte Curiosa vem agora: a tortura não era um abuso da atuação inquisitorial. Todos os métodos foram aprovados pelo papa Inocêncio IV, em 1252. Para o autor, existe uma boa razão para a Inquisição ter se tornado um exemplo arquetípico para todas as formas subsequentes de repressão: ela trabalhou de modo frio, calculista e organizado. "Também compreendia, enquanto outros ainda não, o valor do terror e do trauma psicológico: indiscutivelmente, a tortura começava com a entrega da primeira intimação ao suspeito. As semanas de atraso e o medo que elas infundiam eram suficientes para deixar os hesitantes com os nervos à flor da pele", explica Kerrigan. A tensão provocada era tanta que muitos renegavam crenças contrárias à Igreja antes mesmo de serem levados à corte. Outros se rendiam ao fazer uma excursão pela câmara de tortura e ver, pela primeira vez, os instrumentos utilizados. A Inquisição Espanhola foi oficializada em Aragão no século 13, mas ganhou vida própria no século 15. Grandes multidões assistiam aos julgamentos ­ não só pela curiosidade mórbida, mas pela mensagem implícita de ordenação do universo moral. "A 'conquista' da Inquisição era a sensação de segurança que criou para os crédulos e os conformistas em uma época em que todas as certezas da vida e da crença estavam sendo questionadas", conclui. Ilustrado com 180 fotografias e pinturas, "A História Secreta da Igreja" revela o lado infame da fé cristã. O livro faz parte da coleção "A História Secreta", publicada pela editora Europa. A série reúne relatos de imperadores, papas e reis que, detendo grande poder, tomaram decisões dignas dos grandes psicopatas. Todos os livros da série possuem capa dura e edição de luxo.

Nota: A história comprova que as atrocidades cometidas pela Igreja Católica na época da Inquisição não era por causa da ignorância. Eles sabiam muito bem o que estavam fazendo. Torturavam suas vítimas com o objetivo de fazer com que elas negassem a sua fé. E hoje, será que mudou? A respostas é muito simples: NÃO. O fato de não mais deterem o poder civil que daria a eles a autoridade de voltar a fazer todas aquelas atrocidades é que impedem a igreja de ascender as fogueiras da Inquisição. Dê-lhes o poder novamente e voltarão no mesmo espírito. A profecia porém, revela que eles voltarão (aqui e aqui) e se não quisermos ficar enganados precisamos estar alertas. (CP)

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