Folha de São Paulo
Inquisição Espanhola compreendia o valor do trauma
psicológico, diz autor da Livraria da Folha
Em 1620, o viajante William Lithgow foi preso como espião em
Málaga. Por ser estrangeiro e protestante, era automaticamente suspeito em uma
Espanha controlada pelo Santo Ofício, hoje conhecido como Inquisição. Após
passar dias preso em grilhões, ele foi despido e colocado no cavalete de
tormento para ser torturado e, depois, quase foi devorado por insetos. Este é
apenas um exemplo das atrocidades cometidas pela Igreja durante a Inquisição.
Agindo em nome de Deus, os perseguidores maltratavam suspeitos em instrumentos
diversos, como a roda de despedaçamento, que estirava juntas e tendões, ou o
esmaga cabeças, que comprimia a cabeça da vítima, destruindo mandíbulas e
arcadas dentárias. Os métodos violentos não eram aplicados ao bel-prazer. Uma documentação
meticulosa era mantida pelo Santo Ofício: processos elaborados que tinham de
ser seguidos antes que as torturas fossem aplicadas. "A Inquisição e suas
operações eram regidas por regras estritas. Os acusados de heresia recebiam
várias semanas de advertência e uma chance de se retratar antes de ser
sujeitado a qualquer tipo de questionamento, antes do que a qualquer tipo de tortura",
afirma Michael Kerrigan em "A História Secreta da Igreja". Ele
explica que o perigo de denúncias mal-intencionadas era reconhecido e que guardas
estavam a postos para evitar perseguições maliciosas. Os inquisidores eram
padres que juraram cumprir o trabalho pela causa de Deus, não por prazer ou
benefício pessoal. A parte Curiosa vem agora: a tortura não era um abuso da atuação
inquisitorial. Todos os métodos foram aprovados pelo papa Inocêncio IV, em
1252. Para o autor, existe uma boa razão para a Inquisição ter se tornado um
exemplo arquetípico para todas as formas subsequentes de repressão: ela
trabalhou de modo frio, calculista e organizado. "Também compreendia,
enquanto outros ainda não, o valor do terror e do trauma psicológico:
indiscutivelmente, a tortura começava com a entrega da primeira intimação ao
suspeito. As semanas de atraso e o medo que elas infundiam eram suficientes
para deixar os hesitantes com os nervos à flor da pele", explica Kerrigan.
A tensão provocada era tanta que muitos renegavam crenças contrárias à Igreja antes
mesmo de serem levados à corte. Outros se rendiam ao fazer uma excursão pela
câmara de tortura e ver, pela primeira vez, os instrumentos utilizados. A
Inquisição Espanhola foi oficializada em Aragão no século 13, mas ganhou vida própria
no século 15. Grandes multidões assistiam aos julgamentos não só pela curiosidade
mórbida, mas pela mensagem implícita de ordenação do universo moral. "A
'conquista' da Inquisição era a sensação de segurança que criou para os
crédulos e os conformistas em uma época em que todas as certezas da vida e da
crença estavam sendo questionadas", conclui. Ilustrado com 180 fotografias
e pinturas, "A História Secreta da Igreja" revela o lado infame da fé
cristã. O livro faz parte da coleção "A História Secreta", publicada
pela editora Europa. A série reúne relatos de imperadores, papas e reis que,
detendo grande poder, tomaram decisões dignas dos grandes psicopatas. Todos os
livros da série possuem capa dura e edição de luxo.
Nota: A história comprova que as atrocidades cometidas pela Igreja Católica na época da Inquisição não era por causa da ignorância. Eles sabiam muito bem o que estavam fazendo. Torturavam suas vítimas com o objetivo de fazer com que elas negassem a sua fé. E hoje, será que mudou? A respostas é muito simples: NÃO. O fato de não mais deterem o poder civil que daria a eles a autoridade de voltar a fazer todas aquelas atrocidades é que impedem a igreja de ascender as fogueiras da Inquisição. Dê-lhes o poder novamente e voltarão no mesmo espírito. A profecia porém, revela que eles voltarão (aqui e aqui) e se não quisermos ficar enganados precisamos estar alertas. (CP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário